Salvador teve a maior variação do preço da cesta básica em 2013 e a segunda maior nos últimos 12 meses, de acordo com a pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em 18 capitais do País. Entre janeiro e março deste ano, a variação verificada foi de 23,75%.
A capital baiana registrou 32,63% de aumento no preço dos produtos básicos, de abril do ano passado até março deste ano, e quase obteve um empate técnico com Fortaleza, que registrou a maior alta do período, de 32,78%.
A supervisora-técnica do Dieese, Ana Georgina Dias, acredita que a seca seja o principal motivo dessa elevação de preços. "Parte daquilo que é consumido em Salvador é produzido no próprio Estado", disse.
A farinha de mandioca teve a 15ª alta consecutiva no mês passado na capital baiana. Entre janeiro de 2012 e março deste ano, o preço do produto subiu 168,50%. Somente no primeiro trimestre de 2013 houve um acréscimo de 94,57%, reflexo das perdas totais das lavouras do Estado.
O feijão teve alta de 35,92% este ano, o que é consequência da redução da área plantada e da produção no Estado, que é o terceiro maior produtor do País.
O mesmo aconteceu com o tomate, que subiu 88,02% na variação de 2013, 7,37% somente no último mês, a quarta alta seguida desse produto em Salvador. As chuvas no sudeste pioraram a oferta do produto, que teve alta em todas as capitais pesquisadas.
A banana foi o produto com a quarta maior variação de preço este ano, 14,18%. A Bahia é o maior produtor da fruta no País e boa parte da produção local é irrigada.
O maior grupo de produtores são os agricultores familiares, os mais afetados pela estiagem que atinge 60% do território baiano correspondente ao semiárido.
Desoneração - Apesar disso, Salvador teve a sétima cesta básica mais barata entre as capitais brasileiras, no mês passado. O preço da cesta subiu 4,08%, a terceira variação mais expressiva entre as capitais, passando de R$ 270,04 em fevereiro a R$ 281,05, em março.
Isso significa que, para o trabalhador que recebe um salário mínimo, adquirir os produtos básicos custou 45,06% do seu rendimento líquido. Em fevereiro esse percentual havia sido de 43,29%. Para uma família de quatro pessoas, de dois adultos e duas crianças, o valor da alimentação subiu R$ 33 em 30 dias, custando R$ 843,15.
A desoneração dos produtos da cesta básica, anunciada há um mês pelo governo federal, ainda não pôde ser aferida pela pesquisa do Dieese.
"Não sabemos dizer se isso influiu ou não e se o aumento seria maior se não tivesse havido a desoneração. Até porque não são só os tributos que contribuem para o preço da cesta. O supermercado pode ter repassado a desoneração e, por outro lado, ter gasto mais com o frete. Não há um mecanismo fácil para verificar isso", afirmou Ana Georgina Dias.
UOL
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